quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Valor Moral da Carreira Militar

Encontrei este inteligente texto em:
AS FORÇAS ARMADAS E A INTEGRIDADE DO ESTADO DEMOCRÁTICO

De: RUI DA FONSECA ELIA
Vice-Almirante (RM1)
O VALOR MORAL DA CARREIRA

O militar profissional é alguém que escolheu por ofício, livremente, uma vida em que estará sempre presente a possibilidade de confronto com o mais terrível dilema que pode desafiar o espírito humano, qual seja matar ou morrer. Muitas vezes, na lógica do combate, a decisão de matar será mais difícil do que entregar a própria vida. Todos aqueles que fizeram o juramento solene da incorporação sabem disso muito bem.
A guerra, como ainda pensam muitos sonhadores, não é uma invenção dos militares. Fato social invariavelmente presente nas páginas dos livros que narram as histórias dos povos, a guerra, muitas vezes, é fruto da cobiça, da avidez, do egoísmo, da histeria coletiva, do fanatismo ideológico ou, simplesmente, do próprio medo. Porém, sempre, um produto da imperfeição humana. Produto maléfico, por certo, mas que somente será minimizado, ou quiçá extinto, ao final de um processo de aperfeiçoamento moral da humanidade, o qual, a fiar-se nas lições da História, há de ser, lamentavelmente, muito longo e vagaroso. Os militares não inventaram nem querem a guerra, antes, são dela uma inevitável conseqüência. Mas precisam estar preparados para a sua eventualidade. Diante de realidades de tamanha gravidade, o militar há de ser especialmente preparado, moral, psicológica e intelectualmente. É por isso também que a hierarquia e a disciplina formam a base institucional das Forças Armadas, como vem também explicitamente dito no Estatuto dos Militares (art. 14), em perfeita consonância com o citado art. 142, caput, da Constituição15. É pelo mesmo motivo que o Estatuto, ao abordar a Ética Militar, escolheu, como primeiro princípio moral, o culto da verdade e da responsabilidade como fundamento da dignidade pessoal (art. 14, I).
Em suma, o militar integra um especial corpo da Administração Pública onde, por imperativo moral e constitucional, o dever é sempre anterior ao direito, e a obediência um princípio basilar à consecução dos propósitos de sua missão. Dessa forma, a Lei Maior lhe impõe restrições e deveres específicos não exigidos dos demais cidadãos.

Nenhum comentário: