domingo, 22 de dezembro de 2013

Com poucos seios de fora, toplessaço decepciona curiosos

Homens se aglomeraram em torno das poucas mulheres que aderiram ao ato

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
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O "Toplessaço", protesto convocado em uma rede social para um topless coletivo na praia de Ipanema, cidade do Rio de Janeiro (RJ), na manhã deste sábado (21). A proposta do encontro é promover um debate sobre a não-criminalização da nudez feminina, e decretar o "fim da repressão policial sobre os corpos"
O "Toplessaço", protesto convocado em uma rede social para um topless coletivo na praia de Ipanema, cidade do Rio de Janeiro (RJ), na manhã deste sábado (21). A proposta do encontro é promover um debate sobre a não-criminalização da nudez feminina, e decretar o "fim da repressão policial sobre os corpos" - Ricardo Moraes/Reuters

Toplessaço rima com fracasso. Nem de longe as mais de 8.000 confirmações do evento marcado pelo Facebook se refletiram nas areias da praia de Ipanema, neste sábado. Nada mais do que oito mulheres aderiram ao ato, que tinha a intenção de protestar contra o machismo e pela liberdade do corpo feminino. Mas o que elas conseguiram de fato foi atrair uma multidão de homens que se aglomeraram só para ver os seios de fora.
Vendedores ambulantes, fotógrafos e curiosos assumidos começaram a se concentrar em frente à Rua Joana Angélica, por volta das 10h, antes mesmo da chegada de qualquer ativista. E não esconderam a decepção quando milhares se converteram em menos de uma dezena. "É propaganda enganosa. Cadê as 8.000 que o Face dizia que teria? Vim aqui para apreciar", admitiu o vigilante Oséias Lobato, de 47 anos.
Quem aceitou tirar a blusa e ficar com os seios nus, foi imediatamente cercada por uma multidão que queria registrar o momento com celulares e câmeras, e ainda teve de ouvir gracinhas dos mais exaltados. "Não entendo por que meu corpo tem que chocar tanto. Quantas vezes isso precisa acontecer para as pessoas começarem a achar natural?", questionava a estudante Carolina Jovino, de 19 anos, que se dizia até assustada.
A cineasta Ana Paula Nogueira, de 34 anos, não parecia preocupada com as reações adversas e chegou a fazer poses sensuais diante dos flashes. "Infelizmente, o Rio ainda é uma cidade muito careta, mas alguém tem que fazer isso para que um dia se torne natural", disse, lembrando a célebre imagem de Leila Diniz quando foi à praia grávida de biquíni, em 1971. "Foi muito comentado na época, mas hoje não choca mais ninguém."

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