sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Segunda Guerra Mundial: memórias de um combatente gaúcho.

Veterano rememorou os 70 anos da tomada de Monte Castelo, a mais significativa da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália
Memórias de um combatente gaúcho Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
Major reformado Rubem Barbosa ingressou de jipe no Museu do Comando Militar do SulFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Humberto Trezzi
A entrada em cena foi épica, digna das homenagens a ele prestadas. O major reformado Rubem Barbosa ingressou de jipe no Museu do Comando Militar do Sul - não um veículo qualquer, mas um Willys da II Guerra Mundial, igual aos que ele tripulou em 1945. Um dos raros veteranos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) ainda vivos e lúcidos, o oficial porto-alegrense compareceu à sede do Exército para rememorar a tomada de Monte Castelo. Essa montanha, situada no norte da Itália, só foi capturada após quatro incursões dos brasileiros, que expulsaram dali os militares alemães, abrindo caminho para consolidar a tomada de todo o território italiano pelos Aliados.
A palestra, conferida em meio a armas da II Guerra e cartazes com fotos da época, ocorreu porque a tomada de Monte Castelo completa 70 anos neste 21 de fevereiro. E Rubem Barbosa, 89 anos, tem ainda nítida a memória daquela epopeia. Foram três meses de tentativas brasileiras de tomar as posições fortificadas dos alemães, montanha acima e sob nevasca.
O major Rubem, na época cabo, era sapador (especialista em localizar e desmontar minas explosivas). Fazia o serviço nos intervalos dos bombardeios - os alemães, encastelados nos morros com canhões de 88 mm e morteiros, faziam uma barragem cerrada de tiros contra o avanço brasileiro. Pior: 90% dos tiros eram dados à noite, o que dificulta a localização dos soldados inimigos.
— A cada explosão o joelho do sujeito tremia. Quem disser o contrário tá mentindo, a gente tem medo, claro...o próximo a morrer poderia ser eu - recorda Rubem, com sinceridade.
Rubem era seminarista quando se alistou no Exército, aos 17 anos. Não foi por vontade, mas porque era obrigatório. "Até padre servia, o país estava em guerra", ressalta. Natural de Porto Alegre, ele cursava o seminário de Gravataí, velho sonho da mãe, que já tinha outro filho padre. Era, também, coroinha na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. Quando começava a nascer barba, foi encaminhado ao quartel, preencheu os papéis e trocou a batina (que já usava) pelo uniforme verde-oliva. Fez um treinamento rápido como soldado em São Leopoldo, no 8º Batalhão de Caçadores (atual 19º Batalhão de Infantaria) e depois foi para o Rio de Janeiro, de navio. Lá fez curso de cabo e pegou outro navio, maior, para a Europa. Lembra bem da escolta da marinha inglesa a partir do rochedo de Gibraltar, até Nápoles (Itália), onde os pracinhas brasileiros desembarcaram após 13 dias de mar e enjoos.

Era dezembro e Rubem foi enviado a Roma para fazer curso de sapador (sabotagem e contra-sabotagem) com o Exército norte-americano.
Coronéis e generais fizeram fila para cumprimentar o ex-pracinha
Foto: Ronaldo Bernardi
Fonte: montedo.com Continue lendo AQUI

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