sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Nota de Esclarecimento sobre matéria veiculada no Jornal "O Estado de São Paulo"

Foto - Linha do tempo
O Centro de Comunicação Social da Marinha enviou uma nota de esclarecimento ao jornal “O Estado de São Paulo" sobre matéria (em anexo) divulgada hoje (15/12) em sua edição impressa.  
“Em relação à matéria “Odebrecht cita propina para submarino nuclear”, publicada hoje (15) no jornal O Estado de São Paulo, a Marinha do Brasil (MB) esclarece que, a pedido da própria Força, o Tribunal de Contas da União (TCU) acompanha todo o desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) desde o primeiro momento, por meio da realização de auditorias, e a Marinha tem cumprido todas as orientações daquela Corte.
Nesse contexto, o PROSUB passa constantemente por auditorias internas, por meio da Diretoria de Obras Civis da Marinha (DOCM), com o apoio de auditorias independentes contratadas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custo (IBEC). Até o presente momento, nenhuma dessas análises apontou quaisquer irregularidades na execução do contrato, estando a Marinha à disposição para prestar todas as informações sobre o Programa.
Quanto ao ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, a Marinha destaca que o militar, hoje reformado, não faz parte do serviço ativo da MB desde 30 de setembro de 1994, não tendo qualquer influência nos processos decisórios da MB. Já o empresário José Amaro Pinto Ramos não possui e nunca possuiu qualquer ligação com a Força.”
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA

Nota do: Estado de São Paulo


O Estado de São Paulo
15/12/2016
Odebrecht cita propina para submarino nuclear
Delator diz que empreiteira fez pagamentos a empresário ligado a
construtor naval francês e ao ex-presidente da Eletronuclear Othon
Pinheiro
Fabio Serapião e Beatriz Bulla
Em seu acordo de colaboração com a Justiça, a Odebrecht vai detalhar os
bastidores de pagamentos por meio do Setor de Operações Estruturadas, o
departamento da propina, relacionados ao Programa de Desenvolvimento de
Submarino (Prosub) da Marinha do Brasil. Nas tratativas com a Procuradoria-
Geral da República foram citados ao menos dois pagamentos efetuados no
exterior por meio de offshore e que não poderiam aparecer na contabilidade
oficial da empreiteira. O projeto de submarinos nucleares, orçado inicialmente
em U$ 6,7 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões, segundo cotação atual), só saiu do
papel após parceria com a França.
O programa foi entregue a um consórcio formado pelo construtor naval francês
DCNS, cujo principal acionista é o governo da França, e a Odebrecht,
escolhida sem licitação pelos franceses. Os dois pagamentos não
contabilizados oficialmente pela Odebrecht foram feitos ao empresário José
Amaro Pinto Ramos e ao ex-presidente da Eletronuclear, o almirante Othon
Pinheiro da Silva. Amaro Ramos, segundo um dos delatores, representava
interesses da francesa DCNS. As informações fazem parte das negociações da
delação do executivo Luiz Eduardo Soares, funcionário do Setor de Operações
Estruturadas, com os investigadores da Lava Jato. O Estado apurou que
também participaram das operações envolvendo o projeto do submarino os
executivos Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, e
Fabio Gandolfo, representante da Odebrecht na Marinha para o Prosub e na
Eletronuclear.
No caso dos pagamentos ao almirante, a transação foi efetuada por meio de
uma offshore indicada pelo operador Paulo Sérgio Vaz de Arruda. Othon
Pinheiro foi preso em duas fases da Lava Jato: a Radiotividade e a Pripyat,
acusado de corrupção nas obras da usina de Angra 3. Soares, chamado de
"Luizinho" na Odebrecht, contou aos investigadores ter atuado no apoio para
que a empresa pagasse € 4,5 milhões ao almirante. O pagamento foi realizado
na conta da offshore Iberoamerica Projectos Empreendimentos Y Consultoria
S.A, indicada ao executivo por Vaz de Arruda. Atualmente Vaz de Arruda é
conselheiro na Bombril S/A e ligado à Bonsucex Holding. Ele teria sido
apresentado a funcionários da Odebrecht pelo almirante Othon Pinheiro.
Tanto o operador como a offshore Iberoamerica Projectos já apareciam na
delação de Vinicius Borin, um dos responsáveis pelas contas da Odebrecht no
Meinl Bank, sediado no paraíso fiscal de Antígua. Em sua delação, Borin
afirmou não ter conseguido efetuar alguns pagamentos para a offshore de Vaz
de Arruda, uma vez que ele era representante de um PEP sigla em inglês para
identificar pessoa politicamente exposta. Além dos pagamentos para Othon, o
executivo citou pagamentos do departamento de propina para José Amaro
Pinto Ramos, que seria representante dos franceses. Sócio de familiares do
Othon Pinheiro, na Hydro Geradores e Energia, José Amaro já apareceu em ao
menos dois grandes casos de corrupção: no caso Alstom e também no cartel
de trens do Metrô de São Paulo.
No caso do submarino, José Amaro recebeu por meio da offshore Casu Trust &
Management Services, que possui conta no Meinl Bank. As tratativas dos
pagamentos teriam sido realizadas em reunião na própria casa do lobista, na
Chácara Flora, em São Paulo. O ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho
informou no anexo de delação premiada que a empresa contava com um
executivo de relações institucionais para apoio ao projeto do submarino em
Brasília, chamado Rubio Fernal e Souza. O projeto. O Prosub tem como
objetivo a elaboração do projeto e a construção, no Brasil, do primeiro
submarino nuclear nacional e da infraestrutura industrial necessária para
manter a iniciativa. O programa foi lançado em 2008, no governo do expresidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-presidente brasileiro chegou a assinar uma "parceria estratégica" com o
então mandatário da França, Nicolas Sarkozy. A DCNS ficou responsável pela
transferência de tecnologia ao País e escolheu a Odebrecht como parceira
nacional no projeto, sem realização de licitação. Em agosto do ano passado, o
Tribunal de Contas da União apontou sobrepreço de R$ 406 milhões na
construção da Base Naval do Estaleiro da Marinha, em Itaguaí, no Rio de
Janeiro. A estrutura faz parte do programa brasileiro. O Prosub havia sido
citado em relatório da 36.ª fase da Lava Jato, denominada Ommertá. A citação
se deu pelas anotações sobre o programa encontradas em celulares do expresidente
da empreiteira Marcelo Odebrecht. No caso, segundo a Polícia
Federal, o assunto Prosub estava relacionado à atuação do ex-ministro Antônio
Palocci, que tratava com a empreiteira assuntos ligados ao projeto.
Calendário
A Procuradoria- Geral da República (PGR) e a força-tarefa da Lava Jato tentam
encerrar ainda nesta semana a colheita de depoimentos de todos os delatores
da Odebrecht. Emílio Odebrecht, patriarca da família que dá nome ao
conglomerado e presidente do Conselho de Administração do grupo, encerrou
seu depoimento ontem. Ele foi ouvido em Brasília, na PGR, nos últimos dois
dias. Nesta semana, os executivos iniciaram os depoimentos para confirmar o
que prometeram contar nos anexos do acordo de delação premiada assinada
há duas semanas. Depois da fase de depoimentos, todo o material é
encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde precisa ser
homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte. Só
depois de homologadas, as delações podem ser usadas pela PGR para
abertura de inquéritos e oferecimento de denúncias. A intenção da PGR é
encaminhar os depoimentos ao Supremo antes do recesso do Judiciário, que
terá início no próximo dia 20.

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