Comissão Interclubes Militares citou trecho da música “Pra não dizer que não falei das flores”, clássico contra a ditadura militar, para declarar seu apoio aos movimentos populares atuais
A Comissão Interclubes Militares divulgou na quinta-feira, 20 de junho, uma nota de apoio às manifestações que tomaram as ruas do País nas últimas semanas. Os clubes militares representam oficiais da reserva, muitos deles defensores da ditadura militar (1964-1985). Ironicamente a nota termina com o verso “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, trecho da música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, um clássico da canção de protesto contra a ditadura.
Na leitura dos clubes militares, as manifestações são uma reação da sociedade à “impostura e impunidade” e ao “descaso das autoridades governamentais”.Segundo a nota assinada pelo general Renato César Tibau da Costa, presidente do Clube Militar (Exército), Almirante Pauilo Frederico Soriano Dobbin, presidente do Clube Naval (Marinha), e brigadeiro Ivan Moacyr da Frota, presidente do Clube de Aeronáutica, a onda de protestos “diz respeito às legítimas aspirações da sociedade”.
O general Benedito Lajoia Garcia, representante do Exército na Comissão Interclubes Militares, evitou comparar o atual momento do Brasil com outras situações críticas da história. "Estamos acompanhando o que está acontecendo. Existe uma inquietude mas a gente ainda não sabe onde vai descambar isso tudo", afirmou.
Segundo o general, por enquanto o maior risco é o de infiltrações de pessoas ou grupos mal intencionados entre os manifestantes. "Grupos radicais de baderneiros se infiltraram nestas manifestações que são da sociedade", disse ele.
No documento, os militares afirmam também que estarão sempre atentos acompanhando a “evolução dos fatos”, antes de encerrar com o verso de Vandré. A música que ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1968 se tornou rapidamente o hino da resistência à ditadura militar. No mesmo ano, com a decretação do AI-5, Vandré teve que fugir para o Chile e só retornou ao Brasil em 1973.
Hoje afastado da vida artística, ele atua como advogado. Em 2010 concedeu uma entrevista controvertida no Clube da Aeronáutica.
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