Por Gilberto Costa de Araújo
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Faz um tempo que não faz tanto tempo que em dezembro
de cada ano era formado um presépio em frente ao Arco do Triunfo, na Praça da
Matriz. No início do mês se começava o plantio de arroz, sem antes distribuir
os animais, os Reis Magos, Maria, José e o Menino Jesus nos seus respectivos
lugares. Quando chegava a Noite de Natal, o arroz já se encontrava crescido o
bastante para enfeitar o espaço retangular de um viçoso tapete verde. E o
presépio era a alegria da criançada e a obrigação dos pais em trazê-las para
apreciar o belo espetáculo!
Logo à tardezinha, a praça ficava tomada de gente e os
comentários eram inevitáveis. “Eu acho a zebra a mais bonita do presépio, dizia
um”! “Já eu acho o galo, falava outro”! E assim se prosseguiam nas suas
preferências. E os fotógrafos aproveitavam o mês natalino para ganhar uns
trocados. E ninguém resistia a uma fotografia no presépio! E uma foto junto à
manjedoura era uma recordação que todos faziam questão de apreciar por todo o
tempo até o próximo Natal. E o coitado do Guarda da Prefeitura sofria o cão
para conter as investidas da molecada! E Chico Tucano lavava a burra com a
venda de pipoca! E Seu Deroci reforçava seu orçamento com o aumento de picolés
vendidos. E Popeye faturava com os Cavacos Chinês!
No centro da cidade - cruzamento das Avenidas Coronel
Martiniano e Seridó - era erguido uma grande Árvore de Natal. Na árvore, vários
presentes que enchia de cobiça os olhos dos pequenos, principalmente as
crianças mais pobres, as esquecidas de Papai Noel. E na Noite de Natal e Noite
de Festas, no trajeto do Mercado Público até a Catedral, haviam mesinhas de
vendas de café, bolo preto, rolete de cana, capucho, cocadas, rapadura,
bolachas de leite, soda, buchada, fritada, guisado, arroz doce, carne assada,
queijo de coalho e manteiga, enfim toda nossa rica gastronomia. E haviam as lãs
umedecidas de perfumes! E haviam as lapadas de conhaque de alcatrão com limão
para curar gripe! E haviam paqueras!
Uma pausa no vai e vem para a Missa do Galo. E depois
todos se cumprimentavam! E haviam abraços e apertos de mãos! E as pessoas
desejavam umas às outras um Feliz Natal! Um Feliz Ano Novo!
Faz um tempo que não faz tanto tempo que era assim o
mês de dezembro em nossa Caicó! E havia um presépio em frente ao Arco do
Triunfo, na Praça da Matriz!
Um comentário:
Bonito relato, sem conhecer sua Terra, me senti lá. Vc é Medeiros promovem muito essa Cidade. É correto se orgulhar de nossas cidades
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