Fenômeno conhecido como 'Superlua' é visto no Rio de Janeiro. O fenômeno ocorre quando a Lua … |
Por Por Laurence COUSTAL
Em seu ponto mais
próximo da Terra, a Lua, que estará grande e luminosa, se vestirá de vermelho
no final deste domingo em um eclipse total, um fenômeno magnífico que só
voltará a acontecer em 2033.
"As condições convergem
para que seja um eclipse espetacular", garantiu o astrônomo Pascal
Descamps, do Observatório de Paris.
O eclipse total da Lua poderá
ser observado durante mais de uma hora, por volta das 23h11 até 0h23 (horário
de Brasília), do continente americano até o Oriente Médio.
A Lua não produz luz própria,
aproveitando a que recebe do Sol. No domingo, o astro estará alinhado com o Sol
e a Terra.
"Teremos um eclipse
total porque a sombra da Terra engolirá toda a Lua", explicou à AFP Pascal
Descamps. "A circunferência de sombra da Terra mede aproximadamente três
vezes o tamanho aparente de nosso satélite", afirmou, podendo absorver a
totalidade da Lua.
A Lua vai desaparecer do
nosso campo de visão, privada dos raios solares, e reaparecerá pintada de
vermelha - por isso, também é conhecida como "lua sangrenta" ou lua
de sangue.
O vermelho se deve a um
fenômeno luminoso. É pela refração dos raios solares que atravessam a atmosfera
, com exceção dos vermelhos. Estes últimos sofrerão outro fenômeno: a atmosfera
os desviará e iluminarão a superfície lunar.
"É interessante porque a
cor da Lua vai depender do estado da atmosfera terrestre. Se está carregada de
partículas, devido, por exemplo, à poluição, os raios vermelhos também serão
refratados e não alcançarão a lua", explicou o astrônomo.
"Se o astro é vermelho
sangue, poderemos ficar tranquilos sobre o estado atmosférico da Terra. Se é
muito escuro, ou quase invisível, é porque é realmente catastrófico".
- Sem perigo -
Como a Lua estará em seu
ponto mais próximo do nosso planeta, o que se sabe como o perigeu, ficará maior
do que de costume e mais brilhante no céu. "Nos parecerá cerca de 14%
maior e 30% mais iluminada", explicou Sam Lindsay, da Real Sociedade
Astronômica de Londres.
O fenômeno, conhecido também
como superlua, está relacionado à órbita ligeiramente elíptica da Lua: este
satélite gira ao redor da Terra, mas ele faz isso em um círculo formando um
ovo, que se afasta e está constantemente em nosso planeta.
A última combinação de um
eclipse lunar e uma superlua remonta a 1982, segundo a Nasa, e a próxima não
ocorrerá antes de 2033. "Toda uma geração nunca viu esse fenômeno",
disse Noah Petro, do projeto Orbitador de Reconhecimento Lunar (LRO) da Nasa.
Os eclipses foram durante
muito tempo objeto de interpretações religiosas, mitológicas ou simbólicas.
"Ao longo da história, muitas culturas consideraram os eclipses como
sinais de tristeza e desgraça", lembrou à AFP Noah Petro.
Cristóvão Colombo, que tinha um calendário de eclipses, se
aproveitou destas crenças para persuadir os habitantes da Jamaica. Para
conseguir mais comida, ameaçou os indígenas dizendo que faria a lua desaparecer
durante a noite de 29 de fevereiro de 1504. "Quando os jamaicanos pediram
a ele para que a Lua voltasse, pediu mais comida em troca e conseguiu",
contou o cientista.
Neste final de semana não há
o que temer. Nem mesmo nossos olhos. Os elipses lunares não apresentam risco
algum, ao contrário dos solares. "Não é como olhar para o Sol",
garantiu Sam Lindsay, da Real Sociedade Astronômica de Londres. "Dá para
usar binóculos, telescópios, tudo o que for necessário".
"É um espetáculo para
todo o mundo, é gratuito. Basta colocar a cabeça para fora", concluiu
Pascal Descamps.
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