O
HOMEM E A IDADE
Por
Espedito Moreira de Mello*
No
planeta Terra, todos os seres que têm vida, nascem, crescem, reproduzem e
morrem. Portanto, contam tempo, têm uma idade. O ser humano não poderia ser
diferente. Sua capacidade de pensar, no entanto, o torna diferente dos demais
viventes. Pensando com racionalidade, ele é capaz de criar cenários e idealizar sistemas, de cunho científico ou não, na busca de
seu desenvolvimento para o bem ou para o mal.
O
ser humano é a criatura mais complexa entre os demais seres. Num contínuo de
vida, ele precisa passar por algumas etapas de evolução, à procura da
perfeição. Vem à luz com carências que a maioria dos outros seres não tem.
Necessita de ajuda para supri-las. Sozinho não se movimenta, é incapaz de
localizar sua fonte de alimentação. Recorre a terceiros, isso porque a matriz,
geralmente, não está em condições físicas ideais para cumprir sua missão de dar
provimento vital à sua cria. Em virtude disso, ele cria o primeiro processo de
comunicação – o choro. O choro é uma linguagem universal que todos decodificam como
sendo proveniente de alguém portador de alguma necessidade imediata. Ou
padecendo de dor ou tristeza. Está aí o
que difere o ser humano dos demais. E, portanto, vale a máxima: “O homem é um
ser social por natureza”. Precisa interagir, portanto, com os seus semelhantes
na busca de sua satisfação.
A
metodologia sistêmica conceitua que “o todo é maior do que a soma das partes”.
O todo, porém, precisa ser dividido em partes para melhor visualização do papel
que cabe a cada elemento no processoprodutivo.
O
ciclo vital do ser humano costuma ser divido em três partes denominadas
primeira, segunda e terceira idade. Conceito empírico parece. Não sei se existe
um tratado científico fundamentando essa classificação. As opiniões registradas
são apenas ilhas pouco significativas para oceano tão vasto.
De
qualquer forma, estabeleceram que a primeira idade vai do nascimento aos
dezoito anos, incluindo-se nessa fase a infância, a pré-adolescência e
adolescência propriamente dita. A segunda idade vai dos dezoito aos quarenta
anos. Por fim, a terceira foi idealizada para navegar no último espaço do ciclo
vital.
Parece
um modelo simplista e pouco realista. Se forem definidas metas para cada fase,
poder-se-ia ter uma percepção mais clara do papel que caberia a cada faixa. Senão
vejamos:
−
na primeira idade, o indivíduo tem dezoito anos para adquirir os conhecimentos
básicos fundamentais para se capacitar a um emprego de baixa remuneração no
mercado de trabalho, pois falta-lhe experiência profissional;
−
na segunda, o indivíduo tem uma enorme quantidade de metas a concretizar:
adquirir conhecimentos profissionais, constituir família, criar e consolidar
uma estrutura econômica e cultural para estabilidade de sua família; o tempo
que lhe foi atribuído é insuficiente;
−
na terceira idade, pelo modelo adotado, tudo estaria consumado. Só restaria ao
indivíduo traçar o rumo direto ao último porto de destino, içar as velas,
prender o leme e aguardar o aviso de “terra à vista”.
Na
situação atual, em virtude do aumento da longevidade do indivíduo, seria
interessante uma reformulação do espaço de tempo atribuído à segunda idade: ela
começaria logo após os dezoito anos de vida e se estenderia até os sessenta.
Assim, o universo dos indivíduos localizado nessa faixa etária teria as
condições mais adequadas ao cumprimento de sua missão.
Dentro
dessa ótica, o pessoal da terceira idade, situado a partir dos sessenta anos,
formaria uma massa mais homogênea tanto de realizações quanto de necessidades.
Isso facilitaria também os procedimentos para um planejamento de políticas
públicas mais adequado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário