quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Ricardo Rangel fazendo picadinho da turba

Essa do bogs.uai.com.br, o Blog do SM não podia deixar passar em branco...
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Reproduzo, na íntegra, a excepcional coluna do meu xará, Ricardo Rangel, publicada em O Globo. Simplesmente um primor
Buáá, magoei! O que vou dizer lá em casa agora?
     Todos sabemos que não existem provas, mas é bom recapitular e analisar os fatos para calar a boca dos golpistas.

Os depoimentos de Marcelo e Emílio Odebrecht, Léo Pinheiro, Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, João e Mônica Santana, Delcídio do Amaral, Antonio Palocci, Pedro Corrêa e outros acusando Lula de nada valem: são criminosos que têm ou querem acordos de delação (perdem os acordos, se mentirem, mas isso não tem a menor importância).

Marisa queria comprar um apartamento-padrão, mas, por engano, assinou uma proposta de que constava o número da cobertura. Isso é apenas um erro, não quer dizer nada, tanto que depois a proposta foi rasurada e emendada com o número certo. E o termo de adesão, de que consta o número da cobertura, então, nem sequer tem assinatura, é totalmente irrelevante.

A OAS é uma das maiores empreiteiras do Brasil, nunca fez um projeto residencial, mas nada a impedia de assumir um empreendimento quebrado, em que, coincidentemente, o ex-presidente tinha um apartamento. Há uma primeira vez para tudo e coincidências acontecem.

Logo que a OAS assumiu, Lula ficou alguns anos sem pagar as prestações, é verdade. Mas falta de organização não é crime. E OAS não tomou o apartamento de volta nem cobrou judicialmente porque todo mundo sabe que Lula é um sujeito honesto, não ia dar calote.

Foi mesmo uma absurda falta de organização e desrespeito da OAS vender o apartamento-padrão de Lula sem nada lhe perguntar: a empresa deve a ele um pedido de desculpas e uma indenização. E o Lula não reclamou porque nem ficou sabendo, ora.

O presidente da República se abalou a ir ao Guarujá para conhecer uma cobertura em que não estava interessado porque seu amigo, Léo Pinheiro, pediu. Nada demais. E qual o problema de alguém que ganha milhões de reais por ano fazer um bico de corretor de imóveis? É um país livre, cada um faz o que quiser.

A OAS transformou a cobertura, que era duplex, em triplex, e fez uma obra de R$ 700 mil por quis, ora. O apartamento era dela, podia fazer o que quisesse, e bem terá feito se tiver aproveitado os palpites de pessoas sensatas como Lula e Marisa. Agora, por que a OAS nunca botou o triplex à venda e divulgou que já estava tudo vendido, isso não dá pra saber. Mas o Lula não tem nada com isso.

Depois da obra, Marisa e o filho voltaram ao triplex para ver se a obra ficou boa: não custava nada ajudar um amigo, e o Guarujá não é tão longe de São Bernardo assim. E Lula nem foi, o que mostra que não estava interessado.

A gerente da OAS e o dono da empresa que fez a reforma na cobertura são ambos idôneos e afirmam que o apartamento era de Lula, mas o que eles sabem? É pura fofoca. E o zelador, que diz que foi intimidado pela OAS para negar que o apartamento fosse de Lula, pode perfeitamente ter sido intimidado para afirmar que é. Aliás, Léo Pinheiro, interessado no acordo de delação, deve ter mandado intimidar todos.

É fácil constatar que Lula é vítima de uma conspiração judicial. Sergio Moro, já sabemos, é agente do FBI. Em breve descobriremos as conexões inconfessáveis de Gebran, Paulsen e Laus — aliás, com esses nomes, pode haver gente mais elite branca de olhos azuis?

Não passarão!

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Meu caro amigo lulista, não sei por quê, mas me lembrei da história do sujeito que desconfiava de que a mulher o traía e contratou um detetive para segui-la.

Passados uns dias, o detetive apresentou seu relatório. “Um homem não identificado veio buscar sua mulher em casa. Ela entrou no carro, cumprimentaram-se com um ardente beijo nos lábios e seguiram para um restaurante. Passaram o jantar inteiro de mãos dadas e olhos nos olhos, depois foram a um motel; uma vez dentro do quarto, beijaram-se sôfrega e apaixonadamente, um tirou a roupa do outro e deitaram-se, nus, na cama.”

“E aí?”, perguntou o homem, aflito.

“Aí não vi mais nada, porque ela apagou a luz.”

“Ai!”, exclamou, exasperado. “Essa dúvida! Essa dúvida é que me mata!”.

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Amigo lulista, não vamos perder tempo discutindo se os fatos e testemunhos acima constituem provas ou não. Apenas me diga: se tudo isso tivesse acontecido com qualquer pessoa no universo além de Lula, você lhe daria o benefício da dúvida?

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Caro amigo, a única coisa a favor de Lula é a nostalgia de um tempo em que o PT representava um sonho de esperança.

Esse tempo passou.

O sonho acabou.

Nas imortais palavras de Antonio Palocci: “Nós, que nascemos diferentes, que fizemos diferente, que sonhamos diferente, acabamos por legar ao país algo tão igual ao pior dos costumes políticos”.

É impossível defender Lula, e, a cada novo episódio, torna-se mais constrangedor tentar fazê-lo.

Amigo, você foi enganado, traído e roubado por Lula. É hora de parar de defendê-lo. Antes que surjam mais provas “inexistentes”. Porque elas vão surgir.

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O Brasil precisa avançar, há muito que fazer, e Lula é uma âncora que nos amarra ao passado. Precisamos cortar essa amarra e deixar Lula para trás.

Ricardo Rangel, colunista de O Globo
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Fonte: blogs.uai.com.br

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