segunda-feira, 14 de abril de 2014

A mídia e o golpe de 1964

PAULO ANDRÉ CHENSO
O 50º aniversário do golpe militar de 1964 provocou uma onda de opiniões a favor e contra, debates e discussões. A mídia encheu as telas da TV e páginas de jornais com quilométricas reportagens sobre o tema. Porém, todas as críticas foram dirigidas contra os militares, atribuindo às Forças Armadas a culpa por todas as mazelas e todos os crimes e torturas. Nenhum dos crimes horrorosos, praticados pela esquerda (comunistas) contra militares ou civis inocentes foram apresentados. Acaso os crimes dos terroristas não fazem parte da “verdade” que eles pregam com tanta veemência? Nossa presidente fez ardoroso discurso sobre “o tempo que não pode ser esquecido”. Que tal a mídia apresentar os crimes cometidos por todos os terroristas hoje no poder? Dilma, Genoíno, Zé Dirceu, Palocci, Carlos Minc, Franklin Martins, Paulo Vanucchi, entre outros? Falta coragem?
A ação dos militares contra os terroristas só começou em julho de 1966, após o atentado contra a vida do general Arthur da Costa e Silva, no aeroporto de Recife, onde uma bomba matou, na hora, o vice-almirante Nelson Fernandes, o jornalista Regis de Carvalho, e mutilou o coronel Sylvio Ferreira da Silva e Sebastião de Aquino, o “Paraíba”, jogador do Sport, além de mais 13 feridos. Na mídia, nenhuma palavra. Sobre o carro bomba no quartel do 2º Exército, em São Paulo, nada. Silêncio sobre o assassinato do major alemão Edward E. T. M. Von Westerhagen. Bico calado sobre o assassinato do capitão Charles R. Chandler metralhado na frente da esposa e filhos. Nada se fala sobre o assassinato do tenente Alberto Mendes Junior, da PM de São Paulo, por Lamarca. E assim prossegue a lista das vítimas do terror: bancários, operários, policiais civis, oficiais e soldados da PM, militares das três Armas… Enfim, ninguém fala deles. É como se tais crimes nunca tivessem acontecido. Vítimas, só os terroristas. Todos eles foram anistiados e indenizados, enquanto a maioria das vítimas do outro lado foi abandonada, menosprezada e até humilhada. Que anistia é essa? O que é, realmente, essa “comissão da verdade”?
O ex-padre comunista Alípio de Freitas, autor do atentado no aeroporto de Recife jamais foi punido. Anistiado, recebe uma pensão do governo brasileiro de R$ 6 mil e vive, tranquilamente, em Lisboa, dando aulas de Sociologia e Política.
Diógenes do PT – na verdade, Diógenes José de Carvalho, codinomes Leandro, Leonardo, Luiz e Pedro – membro da Vanguarda Popular Revolucionária, participou de grande número de crimes em São Paulo de março de 1968 a março de 1969: bombas contra bibliotecas, jornais, quartéis e lojas; assalto a bancos, hospitais e quartéis; assassinato de militares brasileiros e estrangeiros. Em todas estas ações houve vítimas, fatais ou mutiladas. O número e a violência dos atentados perpetrados por grupos terroristas determinaram o endurecimento do regime e a edição, em 13 de dezembro, do AI-5, decretando, só então, a ditadura.
Diógenes, e todos os demais remanescentes do terrorismo jamais foram punidos. O “Leandro” anistiado, recebeu do governo uma indenização de R$ 400 mil, mais uma pensão mensal vitalícia de R$ 1,6 mil, livre do imposto de renda. Hoje é importante membro do partido no Rio Grande do Sul, e se intitula “Diógenes do PT”. De suas vítimas, no entanto, ninguém sequer sabe os nomes! A maioria nunca foi reconhecida com vítimas pelo “estado democrático” instalado.
Por que a mídia em geral se reporta apenas aos crimes cometidos pelos militares? Por que jamais tocam nas vítimas do terrorismo? São 129 vítimas mortas, brasileiras como todas as outras, e que merecem um pouco mais de respeito.
PAULO ANDRÉ CHENSO é médico, professor e historiador em Londrina. Artigo publicado na Folha de Londrina.

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