Repórteres desvendam cotidiano do submarino
Xandu Alves
Missão foi cumprida na última quinta-feira, com submarinistas da Força de Submarinos da Marinha, no Rio de Janeiro, em operação a quase 50 metros de profundidade
RIO DE JANEIRO
São Pedro deu uma força e o sol apareceu forte na manhã da última quinta-feira, na base Almirante Castro e Silva, em Niterói, casa da Força de Submarinos da Marinha do Brasil. Os repórteres Xandu Alves e Flávio Pereira foram recebidos pelo capitão de fragata Luiz Carlos Rôças Corrêa, 45 anos, comandante do submarino Tamoio, um dos cinco da esquadra brasileira. Ancorada no píer da base, a embarcação passava pelas checagens finais antes de mergulhar no mar do Rio de Janeiro.
Com 61 metros de comprimento, seis de diâmetro e mais seis de calado (parte do navio que fica debaixo d'água quando está na superfície), o submarino foi o primeiro a ser construído no arsenal da Marinha, no Rio, a partir do modelo IKL-209 da Alemanha.
A tripulação embarca pela escotilha da proa (frente do submarino) e desce no compartimento de torpedos, um dos cinco do submarino. Os demais são: compartimento das baterias, comando, manobra e casa das máquinas, que fica nos fundos (popa).
"Temos oito tubos para lançamento de torpedos e capacidade de levar pelo menos o dobro como reserva", explica Corrêa. Não há ilusões. Trata-se de uma embarcação de guerra. "Qualquer nação pensará duas vezes antes de agredir um país que possui submarinos.
"Também ali, numa mesa, os marinheiros e suboficiais fazem suas refeições e passam momentos de lazer. "É importante relaxar durante as atividades", lembra o cabo Vinícius Borges, 37 anos.
Sardinha.
A primeira impressão do interior de um submarino é mesmo o velho clichê de uma lata de sardinha. Tudo é apertado. Há válvulas, canos, botões, painéis para todos os lados. Não há nada sem um propósito definido.
"Os submarinistas sabem onde estão e para que servem as estruturas. São capazes de reconhecê-las no escuro, apenas com o tato", garante Corrêa. No fundo do mar, salienta o comandante, não há espaço para erros.
Um longo corredor de um metro de largura liga a seção de torpedos com a do comando, passando pelo compartimento das baterias, que ficam alojadas no "porão" do submarino. Há beliches de ambos os lados e dois banheiros.
No lado de fora do submarino, no passadiço (parte mais alta), o comandante e o imediato dirigem a navegação antes que a embarcação possa submergir (mergulhar).
Ao todo, foram seis horas de missão, das quais duas horas e meia passadas no fundo do mar, a quase 50 metros de profundidade. Enquanto navega na superfície, a embarcação balança como os navios. Depois que mergulha, contudo, o submarino estabiliz.
"Guinada, posição: Bravo, Charlie Uno e Ponta do Cais", fala ao rádio o capitão de corveta e imediato Amilton Oliveira Ferreira, segundo na hierarquia do submarino. Conferidas as coordenadas, a embarcação está pronta para encher ou esvaziar os cinco tanques de lastro, responsáveis por fazê-la submergir e vir à tona.
De volta à superfície, o submarino navega tranquilo pela Baía de Guanabara. É o fim da missão e da aventura .
ADSUMUS
Nenhum comentário:
Postar um comentário