terça-feira, 28 de julho de 2020

Marinha do Brasil - Nota de esclarecimento

Nota de esclarecimento sobre a matéria “Por que o Brasil está deixando a força-tarefa da ONU no Líbano”
   Em relação à matéria “Por que o Brasil está deixando a força-tarefa da ONU no Líbano” publicada no site da “Crusoé” domingo (26), a Marinha do Brasil (MB) esclarece que a decisão de encerrar o envio de navios e aeronaves para a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL), diferente de uma “guinada diplomática”, foi realizada mediante análise político-estratégica envolvendo setores do Ministério da Defesa e Ministério das Relações Exteriores (MRE), há mais de um ano.
   Em julho de 2019, a MB apresentou, formalmente, ao Ministério da Defesa (MD), a proposta para encerrar o emprego de navios e aeronaves na FTM-UNIFIL, considerando, além de aspectos estratégicos, operacionais e logísticos, o previsto na Política Nacional de Defesa (PND) e Estratégia Nacional de Defesa (END), que delimitam o entorno estratégico brasileiro.
   Assim, diferentemente de suposições expostas na matéria em lide, sobre contextos diplomáticos parciais e influências de outros países, a decisão foi tomada com base nos fundamentos expostos. Entretanto, cabe destacar, mais uma vez, que a Força manterá a disponibilidade para exercer o Comando da Força, bem como para enviar militares para comporem o Estado-Maior daquela operação de paz.
   Por fim, cabe mencionar que a MB atua em operações de paz, de forma exitosa, há anos, estritamente em consonância com sua missão e preceitos constitucionais, avaliando constantemente a postura estratégica de emprego, observando diretrizes e abordagens dos documentos de planejamento nacional de alto nível, como a PND, a END e o Plano Estratégico da Marinha.


   Crusoé
   Por que o Brasil está deixando a força-tarefa da ONU no Líbano
   Helena Mader e André Spigarol
   Desde 2011, o Brasil participa da força-tarefa marítima das Nações Unidas no Líbano, a Unifil, criada para acompanhar a retirada de tropas israelenses e atualmente sob o comando das forças brasileiras. Mais de 4,1 mil militares da Marinha já passaram pela base, considerada vital para a manutenção da paz na região. Na semana passada, entretanto, após uma guinada diplomática, o Ministério da Defesa determinou que o navio de guerra da Marinha deixe a força-tarefa marítima. Hoje, 224 militares brasileiros atuam na região.
   Na justificativa, o Ministério da Defesa alega que a ONU já delegou as atribuições atualmente sob comando do Brasil a outros estados-membros, que vão substituir a capacidade militar brasileira a partir de dezembro.
   Em portaria publicada na semana passada, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, determinou que a Marinha crie uma comissão para coordenar a volta do navio de guerra e dos militares. O general definiu o dia 2 de dezembro de 2020 como limite para a retirada da força brasileira.
   Questões diplomáticas foram vitais para a decisão brasileira. A força-tarefa incomoda Israel porque contribui para que o Líbano desenvolva sua própria Marinha. De igual modo, os libaneses demonstram desconforto quando percebem que a Unifil pende para o lado israelense. Nos corredores do Itamaraty, diplomatas avaliam que o Brasil perdeu a condição de neutralidade para comandar a Força ao se aproximar politicamente de Jerusalém. Por outro lado, aliados de Ernesto Araújo entendem que o país está mudando o foco de sua atuação na segurança internacional para concentrar esforços na proteção do Atlântico-Sul, importante rota da marinha mercante que atende o Brasil. No ano passado, o chanceler visitou Cabo Verde, Senegal, Nigéria e Angola com o objetivo de reativar a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul.
   Em fevereiro, ao ser sabatinado no Senado, o embaixador Hermano Telles Ribeiro, indicado por Jair Bolsonaro para comandar a missão diplomática em Beirute, já havia admitido que a presença do Brasil na força-tarefa marítima da Unifil se encerraria ao final de 2020. “Nós temos um contingente de cerca de 200 militares da Marinha brasileira, que muito honram o Brasil e são muito reconhecidos, mas também temos oficiais do Exército em terra, o que, os expõe de alguma forma num cenário bastante delicado”, argumentou à época o diplomata brasileiro.
   Segundo a Marinha, desde 2011, a manutenção da força-tarefa no Líbano custou 164 milhões de reais. Indagada por Crusoé, a força informou que a retirada do navio de guerra da missão da Unifil não representa o fim da atuação brasileira no Líbano e que o país seguirá no comando da força-tarefa Marítima da Unifil e no Estado-Maior multinacional da missão.
   Sobre as razões para a retirada do navio de guerra e da tripulação, a Marinha informou que “por mais de nove anos consecutivos em que o Brasil esteve à frente do comando da força-tarefa marítima da Unifil, a liderança proporcionou valiosa experiência operacional aos integrantes dos sucessivos contingentes brasileiros”. A Marinha acrescentou que houve “ganhos operacionais e políticos com a atuação da força-tarefa marítima da Unifil e o esforço logístico em manter um navio de guerra por longo tempo afastado de sua base poderá ser redirecionado para uma atuação da Marinha mais presente em nosso entorno estratégico”.
 CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA
Fonte: CCSM via e-mail

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